um ano depois...

Passou quase um ano. Muita coisa aconteceu nestes 365 dias mas pouca coisa mudou.
Foi um Inverno difícil o de 2016/2017 com terramoto e todo o pânico e medos que instalou no seio da família Conti.
Os meus sogros ficaram apavorados e com isso arrastaram tudo e todos com eles.
Foram noites a dormir na autocaravana e dias passados na casa deles. Escolas fechadas e conversas monotemáticas. Gerir uma Diana irritada com falta de sono e liberdade porque, como se sabe, na presença dos avós e, principalemnte da bisavó, a criançinha está sempre quase a cair, quase a ficar doente, quase com frio, quase, quase, quase e daí não se passa. E a gerir uma Clara que de tanto ouvir falar de terremato e réplicas e casa a cair (quando, note-se, a nossa casa não teve NADA) só brincava debaixo de mesas.
Solução: apanhar o avião e ir para Viana um mês.
Mas não foi assim tão resolutiva como isso. A ansiedade aqui em Itália continuava, parecia que o Mundo ía acabar e "pensar-nos no nosso apartamento no segundo andar" estava a martirizar os meus sogros e portanto, vai de pensar e repensar uma solução. Mas com a pressa que uma situção de alarme exige (tudo na cabecinha deles, claro). Acabaram por tomar decisões sem parár para ouvirem o que tinhamos a dizer. Nunca fui ouvida com atenção...
Resultado: estão a fazer obras no prédio onde nós estamos para irem morar para um apartamento no rés-do-chão (sim, temos que morar todos no rés-do-chão para fugir em caso de terramoto e depois meter alarmes por causa dos ladrões...) e nós iremos para a casa deles. Coisa que eu nunca quis. Nunca quis mudar de casa e muito menos ir morar para uma casa enorme com jardim gigante... E ainda por cima é coisa que só vai acontecer daqui a uns meses, lá para meados do próximo ano. Um ano e meio depois do terramoto. Não foi assim tão celere, portanto, como uma situção de emergência exige e que tantas vezes evocaram. Mandaram inquilinos para a rua para fazer estas mudanças, instalaram portas anti-pânico à pressa num mini-apartamento porque queriam que nós tivessemos passado o Inverno lá para estar no rés-do-chão, disseram-me que era uma mãe irresponsável por estar a morar com as minhas filha no nosso apartamento no segundo andar (que acabou por resultar adequado à lei actual de anti-sismica e, portanto, seguro), stressaram as miúdas e fizeram-me passar um dois piores periodos da minha vida... isto tudo para quê? Para estar tudo como antes, um ano depois...
Tirando isto, as miúdas crescem felizes e serenas. Eu estou bem e vou tentando manter o barco em equilibio.


actualizações

Diana 16 meses e meio, Clara quase 4 anos. Por aqui vive-se assim:
A Diana não só comecou a gatinhar e andar cedo, também a trepar, subir escadas, saltar e dançar. Sim, a pequena não pode ouvir um acorde que começa logo a abanar os braços no ar. Os dentes também começaram muito cedo, todos sempre juntos em blocos de quatro. É de tal mamenira que já tem quase a dentição de leite completa. A Clara com esta idade tinha oito e era uma sorte. Mas sofre muito e as noites são um pesadelo... Passará... Um dia terá os vinte dentes e eu espero que tudo melhore.
A falar também anda despachada. Já diz algumas palavras e as que diz, diz bem. Como boa observadora que é, estuda tudo e quando faz vai segura.
Papá, mamma, pappa, olá, Lala (Clara), Au (ciao), anana (banana), apetta (aspetta- espera), eite (leite), nnnao (mesmo assim, reforçando o ene), mia (minha),...
É uma refilona, quando me vê a repreender a irmã, imita-me. E bate na irmã quando se chateia, defende-se, discutem muito por brinquedos mas adoram-se. Integrou muito bem na escolinha e vai toda contente.
A Clara é uma irmã mais velha muito premurosa e orgulhosa. É muito elogiada na escola, porta-se muito bem e já tem imensas amigas. Todos gostam muito dela. Vai à natação duas vezes por semana e gosta muito. É muito certinha, compridora, meiguinha e generosa. Embora tenha um feitio forte, seja decidida e muito, muito curiosa! "ah, io sabo" é das frases que mais diz que que adoro ouvir.
Eu tento ganhar algum ritmo no trabaho agora que as tenho na escola até às 15:30. Os dias são ainda mais corridos mas ando feliz.

para mais tarde recordar

Só para não me esquecer que comecei a fazer ginastica na sexta-feira, dia 10 e que são duas noites que a Diana foi dormir para o quarto com a Clara.
Aos poucos começo a saír deste furação que é ser mãe de duas com pouca diferença de idade. O Inverno foi longo e por aqui ainda não se sente o Verão que se aproxima. Aliás, ainda tenho as duas constipadas...

Clara(mente) #2

Não temos banheira em casa, só base de chuveiro, e portanto normalmente dou banho à Diana numa banheira de plástico e depois de arranjada meto-a na espreguiçadeira a ver-nos enquanto eu tomo duche com a Clara. Como a pequenita já se aguenta muito bem de pé, e como a Clara começou a tomar duche mais ou menos com a mesma idade, ultimamente a mais velha pede para tomarmos banho todas juntas.
Ontem lá fiz essa experiência. As três dentro da base de chuveiro, ora molha uma, ora molha outra, ensaboa uma, ensaboa outra e elas lá iam brincando mas a pequenita não achou lá grande piada e grande parte do tempo choramingava. A Clara bem tentava encorajar a irmã mostrando brinquedos e como era fácil levar com a água do chuveiro, mas no fim eu disse-lhe: amanhã não podemos fazer assim que a Diana não gostou lá muito, vamos esperar que cresça mais um bocadinho.
Hoje de manhã a Clara sai-se com esta: tive uma ideia! Hoje metemos a Diana na banheira dela e nós tomamos banho de pé, mas todas ao mesmo tempo. E quando ela fôr maior tomamos todas de pé!

Clara(mente) #1

Enquanto lhe metia os sapatos a Clara mexia-me na franja e vem-lhe esta ideia à cabeça:

-ferma, ferma, hai una cosa nei capelli (não te mexas, tens uma coisa nos cabelos).
-o quê Clara?
-non ti muovere, hai una cosa... (não te mexas, tens uma coisa)
-o quê?
-hai un capello bianco. anzi, tanti... tutti! (tens um cabelo branco. não, muitos... todos!)

Lá vou ter que começar a pintar o cabelo!

O quêeeeeee?

Já não escrevo desde Agosto? A sério? Passou assim tanto tempo? Credo!

Pronto, já chega de drama! Vou tentar fazer um resumo destes últimos 8 meses :)

Como dá para perceber, os dias passam muito rápido por aqui. Ter duas filhas pequenas dá nisto, deve ser.
A verdade é que depois de irmos a Portugal em Agosto, a Diana tem tido uma atrás da outra. Coisas pequenas, sem significado, mas que chateiam. E com as doenças chegam as noite muito mal dormidas, e com os dentes noites ainda piores. A partir de fins de Setembro nunca mais consegui uma noite de sono normal. Não digo inteira, mas normal para quem tem duas filhas pequenas em casa. Acontento-me com acordar duas vezes por noite...
A Clara dorme sempre a noite inteira, é rarissimo acordar, e se acorda é para ir à casa-de-banho e volta a adormecer em dois segundos. Mas a Diana, a Diana é complicadinha. Chegou a acordar de hora em hora. Sim senhores, de hora em hora. Até que um dia decidi: vais ter que chorar. E assim foi. Deixei-a chorar um bocadinho, depois aproximei-me, miminho sem pegar e essas coisas que partem o coração mas que tem que ser. Nessa noite, numa das vezes estive ali, ao lado 45 minutos até que ela voltasse a dormir. Um pesadelo. Mas resultou!! Agora dorme bem, só acorda uma vez, já de madrugada muitas vezes, para mamar. E quando chora de noite muitas vezes acalma-se sozinha ou se por acaso há dente a caminho, basta que lhe meta a chupeta. Estamos a melhorar, mas eu tenho muitas noites de sono para recuperar...
Tirando este "probleminho" a Diana é um anjinho. Come lindamente, está gordinha, aos sete meses gatinhava, aos oito já se metia de pé e aos nove anda apoiada. Está sempre a fazer barulho, brinca imenso sozinha e adora a irmã. Se a Clara está em casa, a Diana está onde ela está!
A Clara está uma menina, do alto dos seus três anos quer fazer tudo sozinha e ajudar nas tarefas de casa. Em italiano expressa-se muito bem e agora começa a falar comigo mais em Português embora ainda misture muito as duas linguas. Muitas vezes diz meia frase em Italiano e o resto em Português, de rir!
Desde inicíos de Março a Diana está com uma babysitter de manhã em casa e eu venho trabalhar. Renasci, portanto!
E agora prometo voltar em breve.